quarta-feira, outubro 28, 2009

Comecei a pensar com outros olhos

(para meu filho, o Theo)

Titereteiro dos meus olhos,

os outros olhos, e eu devaneio.

Preciso cortar os fios
das hastes
de todos os meus músculos, ósculos
moluscos.

Voltas serão dadas, dívidas cobradas!

Através dos vidros-fio
dos mafagafos aflitos,
sanhaços ainda impúberes fiam,
deixando seus ninhos
sem saber voar.

A luz se faz embaçada
fixando com mil alfinetes
a imagem primeira-derradeira
dos teus olhos-amor sobreviventes.

Vivo então segundo essa transparência-lei
para apenas vislumbrar o que se segue:

Cada vez que te voltas
e não te reconheço,
me gasto mais um pouco
e volto a te buscar
nos abismos transbordantes
da minha primeira respiração.



Paulo Baroukh 2009
pbaroukh@gmail.com