(para minha filha, a Sofia)
A busca é uma constante se é pela verdade,
apesar da consciência de sua inexistência.
Que motor é esse? Que combustível?
Que queima e causa dor
e que trás escuridão no caminho pela busca da luz?
Mas de repente surge um vaga-lume,
uma luz que vaga sem explicação:
não deixa nada mais claro do que estava,
mas inebria os sentidos cansados de busca,
distrai das angústias pela beleza inexplicável: está vivo!
E voa, e pisca, e roda e rodopia e some e reaparece,
efêmero na fragilidade da sua força.
E assim tudo é três: a fragilidade, a força e a beleza.
primeiro o susto, depois a tentativa e por “não-último” o foco,
pois que se torna novo susto e faz andar a velha roda.
Então, andamos? Pra chegar aonde?
Se a flecha deixou para trás o arco e o arqueiro,
com a consciência de que chegar ao alvo é o fim dos seus dias,
o que pode ela, senão se deixar fluir e viver o caminho?
Ah, supremo e surpreendente e belo caminho...
E por fim, sobre a utilidade de se questionar a verdade...
Esse é o feto do conhecimento, que deve ser gerado a cada momento,
e quando nascido, alimentado e acalentado,
pra que um dia possa usar seus olhos de criança,
e nos mostrar e ensinar tudo quanto é belo.
Poeticamente belo...
Paulo Baroukh 2008
pbaroukh@gmail.com