Parado desde logo nos anais do infinito
posto diante de um oráculo
medito se o tempo pode tudo,
minha resposta:
Minha imagem refletida, distorcida, lúcida
Rogo, então, aos deuses do inferno
que o ócio nunca deixe de ser
e o movimento ilumine as águas
de sua suprema sabedoria:
uma boa troca
Aparências ficam rondando fantasmas
entre cinco paredes e um teto
assustam a novidade
num estremecer de paixão
Esses anagramas misteriosos, em Anas
e Veras, chegam arrebentando
perdidos entre tremas e reticências,
tramando o elo,
virando folhas sêcas,
fazendo doce de morango.
Nada que palavras possam traduzir
sendo lágrima e sendo mar
Vai no refluxo e segura
que a menina deixa
sua visão suavemente,
como em seu asfalto, uma semente
Paulo Baroukh 1985
pbaroukh@gmail.com