terça-feira, março 15, 2005

Concha

Momento congelado
lado a lado o batimento
abatido, tido como som
sonolento arfar de um corpo
copo transbordante de poesia

Pois não, bela criatura
tua cura se interpõe
põe a mão singela e congela
o duplo de todo momento
o não movimento, vento
a boa palavra, para lavra
o signo postiço
um feitiço nos cabelos, um atiço
berrando contra o liso e macio
de teus seios brincantes sorridentes

Chama apagada apaziguada
chama minhas mãos em concha
que eu menino cato na areia da praia deserta
dentro da qual o bicho espreita

aí, me entrego


Paulo Baroukh 1985
pbaroukh@gmail.com