Dizer não
dizer sim
não dizer nada
emudecer
Importante, simples e bom
adormecer docil assim
Adolescer sem adoecer
ou deixar doente quem
sem amarras, arestas, culpas
como se esta letra não fosse minha
e falasse por mim
sendo tão não-eu
Dizer crescer
colocar no lugar
o sim e o não
trocar de fantasia todo dia
tesão, sofrer não
emoção muita
sem ninguém perceber
música, letra
querer estar junto
e ter porisso no coração
um vento soprando no vazio
um verso sempre pronto
uma intensidade prá te agradar
antena sempre ligada
e uma vontade cumprida: seu segredo
Um menestrel em devaneio
a imortalidade do meu rio
do meu este grande amor
Leve e cíclico
ondas de radio
e o mar ciumento em maremoto
tormenta
Peço
eriça todo teu pêlo
presenteia com todo teu cheiro
e seu sabor ocre
teu suor e teu desejo que é meu desejo
Presença:
eu no mato
cada árvore é você
Tuas mãos crescidas, adolescidas
me fazem andar prá dentro desse tunel
e o dia virar noite
Qualquer palavra é pouco
Continuo vivendo o que viví
a cada segundo
que ninguém me tira
Não saio deste sono vigilante
mantendo meu prazer e meu desejo
como se o olho do furacão
se entristecesse pelo efeito de seu corpo
Há lugar para tudo
O cruel e a delícia de teus olhos
me olha, molha, provoca, invoca
turbilhonando meu ser
tornado menino
pela tua menina
Paulo Baroukh 1990
pbaroukh@gmail.com