Uma mitológica criatura
com seu cinto de caveiras
pisava quebrando os ossos
se suas vencidas conquistas
Aos seus pés depostas
mil vezes mil armas derrotadas
e a recolhe-las e ordená-las
mil falcões predadores de corações
Sua boca, língua de mel
sorvendo o fogo
de brasas atiçadas
pelos seus lábios em ó
Seios em seu peito de dragão
clamavam por desafios
que em seu ventre consumiam
em atrozes dores, desamores
Olhos turvos amarelos maravilha
Dedos ornados de esmeralda
emanaram um dia raios de pureza
da flor de suas pernas torneadas
na divina marcenaria de Hefestos
E não lhe valeram vitórias ou conquistas
Sua casa ecoava o vazio,
e enquanto sucumbia à volúpia da solidão,
mercenária,
enfrentando tal monstro,
ia se tornando em mulher,
e ao fim e ao cabo, a batalha estava ganha,
pois finalmente conquistara
sua tão improvável mortalidade
Paulo Baroukh 1988
pbaroukh@gmail.com