quinta-feira, março 24, 2005

Metropolitano

que mito é esse? que enigma solitário?
em que labirinto me encontro,
que não me dá paz nem saída,
depois de tanto andar?

um grito desesperado,
uma palavra sem sentido imediato,
um filho, uma mãe, no eterno embate idílico
e sábio e cego..

no desafio aos deuses
no amor ao fogo ou aos homens,
ou aos próprios pássaros
que lhe devoram as entranhas,
estranha imortalidade.

e mesmo assim tem seu preço alto demais
nas suas seqüências concêntricas
até o infinito, sincrônicas e divinas.
mas então porque o letreiro do metrô
não pára de anunciar minha morte?

volto sempre à mesma estação,
quebrou-se meu fio que era do amor de Ariadne.
perdi minha clava sagrada,
e mesmo assim gritei dentro do túnel escuro e vazio...

claro que queria sair
e claro que gritei para ninguém,
mas a voz de uma deusa impossível advertia:

- ”favor não ultrapassar a faixa amarela...”


Paulo Baroukh 2000
pbaroukh@gmail.com