segunda-feira, março 14, 2005

Lilás

Óh, linda e lânguida musa,
não sejas assim tão cruel
que tua passionalidade me espanta
de medo e frágil lua.

Mulher,
calor do meu corpo,
calar de minha mente,
cor de minha vida.

Mulher,
acarinha-me quieta,
que a noite canta,
molha, goza e rodopia,
mas não te faças cega,
que meu amor latente é sombra,
e minha emoção o universo,
verso.

Pretenda a estrela do olhar-as-vezes-doi
que minha torre te alcança
e não cansa de vêr-te
nua,
querendo carregar sobre os ombros
o peso do tempo.

Acima de tudo deixa
que teu cheiro penetre minhas narinas
possuindo assim minhas artérias.

Ah, menina, não sejas asssim tão lilás
que meu corpo te deseja,
minha mente não renega,
e meu amor não resiste;
mas assim como aos deuses
eu o sinto
entre uma bruma e outra,
vociferando tudo que já ouvi e neguei.

É então que fecho os ouvidos,
e em fechando, abro os olhos,
e vem tu,
e vejo a cor,
saber ser,
que para se matar o ódio é preciso,
ainda que dolor,
matar este amor,
exigindo como prova consequências
e como novo a amora.

Mulher, namora que o tempo leva,
lava teu amor,
teu suor,
teu ser,
para que teu corpo seja como o universo
onde tudo cabe
e onde teu carinho se transforma
em ti,
contente por não saber em quê,
que volta em cada noite fria
para os meus braços,
e em abraços,
momento,
não quero mais saber,
apenas beber teu néctar de deusa
que ressucita o antigo
e faz do novo o que ele será

Continua mágica, mulher,
que tua cor me basta,
e depressa saiba:
Ela não é só tua.


Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com