segunda-feira, março 14, 2005

Impressão Estelar

Talvez sejam pés porque andem
a infames metros por segundo
entre colunas, pátios e fontes
derribando toda a audácia primitiva
de camadas sobre camadas
deixando menos que pedra e areia
sem ruído ou melodias
parcas de desejos violares

Pés de mulher é o que são
com purpúrea morte estampada
de sardas sobre rocha
liquidez impura e profana

Se sereias ouvires, som encantado,
derreter a cera é o que te resta
Entre sonhos e pequenas letras raras
derramando a trinta quadros por segundo
toda a velocidade ilusória das cores

Moda ou não, encantam-me cabelos ruivos
domesticado fogo do saber
vento escorrido pelo paraíso equino
musica pseudo-silêncio
de luz morena e ardente

Na possibilidade de ver onde nada há
e nunca houve
o olho tétrico da paixão
muita água e solidão
lapidar paródias reais de vidas absurdas

Não te sintas tão só por pensar a solidão
pois que a lógica do universo te acompanha

Acabar e não saber o que se fez
congelando momentos sucessórios
num filme lambido pelo sol que o vela
O que não se guardou na memória está puro
perdido para sempre

Essas coisas não se querem: existem-se


Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com