segunda-feira, outubro 01, 2001

Espelho

escondi, em algum lugar de mim
um poema dedicado à vida
de modo que ninguém pudesse achar
sem revolver-me todo.

hoje arrependido procuro
o ofuscante poema em vão
e toco as entranhas
mais profundas do meu ser.

posso ver agora
a luz incessante do cometa perdido
e corro de possível felicidade
às outrora fúnebres profundezas.

caio de costas e aturdido
olho para todos os lados menos um
e vejo a fonte da radiante luz.

descubro que aquele velho verso tinha razão:
a vida tornou-se um enorme Espelho.


Paulo Baroukh 1982
pbaroukh@gmail.com