segunda-feira, março 14, 2005

Tango Triste

Fome de amor que me oprime
Sonhos de luta pela morte
O suicídio é inevitável
quando a música só pode ser ouvida
ao ficar vermelho o farol

Tranque as portas, feche as janelas
e a Espanha já não vem
Noites passam em branco e preto: sem sonhos
Aonde vais, disposição desenfreada
de sempre vencer?

Despojado de vida a morte não vem
nem volta a alegria
Mendigo da felicidade
a procura de um tango triste

Não quero me lembrar de mim
Ter passado não me apraz
nem futuro ou presente
Em tempo nenhum posso ser triste
visto que nunca o fui tão profundamente

Venha, vamos dançar, só esta música
descer juntos ao nosso inferno
depois esquecer, como se fosse possivel
bem no olho do grande furacão

É mais forte que tudo
esse desejo de estar no útero do mal
sem ódio ou razão, para cuspir-lhe na cara
Ser o primeiro a lambuzar os olhos
da placenta podre e maldita

E depois, tudo o que posso querer,
é o longo e colorido caminho
Ladeiras infindáveis
nessa estranha cidade italiana
encravada na América Latina


Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com