Enquanto você dormia, eu sonhava
se podia querer
via sons de meus acordes
sobrevoando seu sono, sonho
A música te dizia: dorme
acordar agora seria complicado demais
No mais não escrevia nada de novo
apenas discorria
entre seus sonhos de menina
Procuro, então, em vão
que teu sonho
me ponha a sonhar
e me mande dormir
Mas o sono não vem
e percorro uma página branca
já maculada de história
Será que a palavra não diz nada?
Será que deveria dizer?
Velo, então, teu sono
sonho mudo e silencioso
É madrugada, ainda dormes
No infinito de teus sonhos
vives a poesia cansada
do meu amor por tí
É madrugada, ainda foges
No meu amor vitral colorido
de contas de vidro
Te vidras no amanhã
do meu amor por tí
É madrugada, ainda corres
pelas planícies rochosas
da vítrea vida
Dormes, foges, corres
as cores do meu amor sem fim
por tí insone
Por tí velarei de mãos dadas
e nossos corpos se colarão
e acordados, e misturados,
se atracarão pela manhã
unidos pelas dores de dormires
cores de correres
fogos de fugires
amores de me amares
no mar amargo
da minha solidão da madrugada
E mesmo assim, ainda não dormi.
Paulo Baroukh 1983
pbaroukh@gmail.com