Um sujeito barba está aí
bem sentado à minha frente
e dentro dele a morte passou raspando
Fala e mais fala
de repente para:
Começa a sonhar seu latim
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A musa dança
repentina cansa
Manca de uma perna, a infeliz
Discorro entre duas lágrimas
a angústia de não mais
poder ser mais
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Tenho um guarda chuva
detesto sua alça
e o seu motivo:
a falta de um teto
A Hipotenuza é aquela que olha
o ângulo reto
e o cateto adjacente
discordando do ângulo em questão
Odeio esse guarda chuva hermético
por ser ele tão, mas tão geométrico
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Descobri uma palavra
sibilante sílaba singela
cuja simples pronúncia
é prenúncio de paz profunda
Depois eu era um pássaro
que decai desacordado
Então tentei a vã memória
do grandioso som translúcido
Mas eu já tinha acordado
Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com