gosto de viver assim:
rodeado de amigos;
uma ilha, como todo ser é.
a flôr olha para o pássaro:
o pássaro se inspira;
faz cocô no meu carro.
uma câmera meu olho afaga:
imagino;
minhas imagens fogem, desaparecem.
fragmentos de um cotidiano desabitado:
habilitado à rima riquíssima e
ensimesmada.
brinco com esse fogo que me abala:
derrubo as paredes,
me ocupo a veia, revolvo as teias.
falo com uma tela em branco, minha noite cala;
penso no que diriam os viventes,
que por acaso me lessem.
calo.
Paulo Baroukh 2003
pbaroukh@gmail.com