terça-feira, abril 10, 2007

Parei !

No assombro de ir morrendo minha própria morte,
escrevo por falta do que fazer,
novamente sem pouso e sem morada.

A poesia sempre nasceu da dor e da angústia,
estabilidade jamais foi inspiração,
no entanto, brinco com as palavras,
como se alguma vez tivessem me dado asas.

Depois me vejo assim: sem romantismo, sem metáforas,
ficou tudo científico, com toda a razão,
e sem nenhum sentido. Anestesiado.

Penso, logo não encontro saída, posto que nunca procurei.
Penso, logo analiso... E fica tudo esfumaçado,
neblina na qual jamais encontrarei aquele velho sonho
em que eu voava, primeiro entre quatro paredes,
depois pela rua, tomando um impulso primordial,
como um sopro primeiro,
com medo de menino, que não impede o vôo.

Vertigem, instabilidade, vento, medo e frio na barriga, mas vôo.
E depois, que fazer se a vida passou, e continua passando,
e tudo que ela faz é passar?

Volta e meia todo mundo precisa da solidão.
Estar consigo mesmo por um momento,
afastar o ruído do movimento da vida passando.
Muito barulho por nada.

Tento lembrar o que me move e não consigo.
Então paro!

E é aí que as coisas começam a acontecer.


Paulo Baroukh 2003
pbaroukh@gmail.com