terça-feira, março 15, 2005

Fragmentos

Os cocos verdes pendurados
na cabeça do coqueiro
esperam amadurecer
para virar cocada
e ficarem penduradas
na cabeça da baiana

Cores:
Flores colorem a paisagem
Em seu arbustos amarelos
moram pequenos homens vermelhos

Prisão:
a cerca de bambú
mantém presa a Primavera
para que ela não cometa suicídio

Pena eu não ser espanhol
Poderia ao menos saber
que quando choro ouvindo flamenco
estou chorando de saudade

O sangue ferve, a chuva esfria
Quanto mais borbulha, mais chove
mais me afogo
nessa enorme mágoa
de não estar na minha terra,
mais me atolo
nessa saudade imensa
de não poder tocar as coisas que são minhas
através desse filtro sutil
que só a terra da gente dá

A imensidão:
como no sonho, um beijo
como no beijo, um corpo
como no corpo, o amor
e como no amor, um sonho
Ao mar este grande círculo
Amar

sobre o morro
e por entre uma e outra
copas de árvore
uma florida, a outra não
dá prá se ver o mar
que de tão verde
com seus cabelos brancos
em nada se parece com árvores:
muito mais velho é o mar.


Paulo Baroukh 1988
pbaroukh@gmail.com