Foram-se purpúreos momentos
anos perdidos e vividos
outros belos ou putrefeitos
Engana-se com velocidade
toda uma gama de instantes sobrepostos
a vinte e quatro quadro por segundo
numa belíssima ilusão de ótica
Assim fluí ao inconsciente
e com ela,
o medo de quem a cantava
foi ludibriado por uma linda melodia
Sem que se sinta a morte de perto
passa a existência de grama a tonelada
e todas as penas do mundo parecem
uma grandiosa tempestade calada
Até amanhã, essência desgarrada
A nunca mais, palavra condenada
pois que a vida vigente consiste
na perda da memória
e numa fútil beleza aparente
Qual dentre nós terá o dom da realidade?
Temos todo o tempo pela frente
e num dado instante
a cultura nos fará jogar a nós mesmos abismo abaixo
só para saber se a dor é ou não verdade
Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com