segunda-feira, março 14, 2005

Frágil

Pela força de tua fragilidade
e minha imagem multiplicada
para dentro ao infinito
Pelas mãos em volúpia
calor e calar da mente
e mente ainda que tardia

O sol torna e a tudo encarna
tudo em carne e fogo
Um ombro uma cabeça
um som um assombro
repentina volta-se num olhar
subitamente úmido
claro cristalino
e a confusão do impossivel não

Reconheço-te, então, como mito
como deusa, como mulher

Minha mente menina alucina
entre helenas, sereias serenas
ninfas, minervas e medusas
Já não pode entender
mas estendo minha mão
sobre tua mão, sobre teu sexo
em infinitos sacrifícios da carne
num êxtase mortal
lubricamente tornados em veracidade
em amor e morte amordaçados
em prazer e dor amortecidos
sendo todos os homens
e antevendo entre um gozo e outro
que não és todas as mulheres

Enaltecido pela posse dúbia
enganado de comum acordo
numa cumplicidade sem fim
eternamente aceito e me entrego
perante a força de tua fragilidade


Paulo Baroukh 1984
pbaroukh@gmail.com